Montanha Distante

Um passageiro reservado entra no táxi de um motorista curioso. As circunstâncias do passageiro intrigam o condutor mais do que seria profissionalmente aceitável. O que se segue é uma aventura automobilística num universo distópico; a história de um encontro-desencontro amoroso num cenário de opressão política, longe de ser previsível.

Algures entre a ficção científica, o thriller, a sátira distópica e o conto de fadas contemporâneo, Montanha Distante é um retrato e um auto-retrato. Um mundo alternativo que não deixa de ser, também, aquele em que vivemos.

 

Autor: António Ladeira

Colecção: «On y va, Romance»

Páginas: 160

 

Um excerto

Para um taxista há duas maneiras de lidar com as seis horas da viagem.

A primeira é pensar em tudo excepto nos mais de trezentos quilómetros que nos esperam. É ter o corpo aqui e a cabeça noutro lugar. Quem sabe por onde quer viajar a cabeça? A sua lho dirá. É deixá-la seguir o caminho que entender, não interferir no seu esvoaçar. A minha encontra facilmente lugares onde se detém por uns segundos antes de passar aos seguintes. Imagens do presente e do passado, talvez até do futuro: uns olhos baixos, uma refeição entre amigos, uma excursão ao sopé da Montanha Distante, essa cujo pico nevado perfura uma nuvem com a curiosa forma de um donut.