Barro Cru

Usando como suporte narrativo uma biografia ficcionada, Helena Tapadinhas explora no romance «Barro Cru» um paradoxo do nosso tempo, quando a generalização do acesso à escola aconteceu em paralelo com o desleixo pela cultura do habitar e com o desenraizamento dos territórios de pertença.

O livro foi distinguido com o «Prémio Literário Santos Stockler», do Município de Lagoa, tendo o júri assinalado que «consegue de forma destacada e literária expressar aspetos da singularidade e dos valores do concelho de Lagoa, nomeadamente a olaria e a personalidade do Mestre Fernando Rodrigues, percurso que, partindo da realidade local (económica, social e política) consegue encontrar e atingir o patamar mais alto da universalidade». Mais: «Percebe-se uma narrativa sólida, uma maturidade literária, um uso exímio da língua, sem cedência ao regionalismo ou à tentativa de criar um faz-de-conta etnográfico, apesar de não se esquivar de utilizar diferentes níveis de língua, perfeitamente adaptados aos vários momentos da narrativa, nomeadamente aos diálogos. A construção das personagens deste romance que se revelou biográfico, não se ateve à matéria da realidade, pois aquelas, sendo reais e locais, são, num aparente paradoxo, ficcionais e universais. A representação de Lagoa como cidade educadora é exposta de um modo direto, através da personagem do oleiro, que ensina a sua arte, e de um modo indireto, através dos pensamentos que o assolam num instante de vida: tudo isto apresentado de uma forma crítica e desempoeirada, sem complacências de postal turístico.»

 

Autora: Helena Tapadinhas

Colecção: «On y va, Romance»

Páginas: 216