O Milagre do Entardecer (nova edição)

Numa nota do autor, António Souto, pode ler-se a propósito desta nova edição de O Milagre do Entardecer, que surge com uma nova capa: «Começou cedo o encontro de com a poesia, antes mesmo de lhe decifrar aquele recheio que as palavras traduzem. Pelos quintais e campos e montes e pinhais, cachopo ainda, a natureza oferecia-se aos sentidos todos, e foi a minha primeira página em branco./ Passá-la a tinta começou mais tarde, já moço, em boletins de escola, em folhas volantes, em recantos de jornais mais condescendentes, num ou noutro concurso de versos, muito a medo, envergonhada, porque mais arriscada, e porque demasiado tosca quando cotejada com a dos grandes vates dos manuais./ E depois o rescaldo de Abril, o avivar de consciências, um certo lirismo encantatório, pieguices de coração, a capital. O DN-Jovem de permeio, atiçando./ Os poemas sucedem-se, o olhar em volta vai-se esmerando, a realidade invade o papel e subjetiva-se, apura-se a palavra, busca-se a melodia, a concisão impõe-se./ Com o tempo, tudo se converte em matéria plástica, até a memória, as memórias, a distância. O hoje e o ontem versificados, mais do que o amanhã.»

 

Autor: António Souto

Colecção: «On y va, Poesia»

Páginas: 136

 

Dos teus cabelos se avista a foz

dos lábios um porto adormecido

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