Areia

Clara Andrade reúne em Areia poemas que, conforme já assinalou, compõem um todo onde o tempo linear e circular, a realidade e o sonho, se intercetam e conjugam, como num mágico caldeirão de bruxas. Esse todo é uma leitura que faz da vida vivida: a vida nas suas múltiplas, trágicas ou grandiosas facetas, onde o tempo é a dimensão mais vincadamente sentida e afirmada.

A autora acredita que a condição de existir no tempo, a prazo, na incerteza e na insegurança, na contingência e na precaridade, tudo isso nos define a vida. Toda a vida. Diz que as estações passam deixando um rasto de decadência e morte, destino trágico e inescapável, mas diz também que não nos conformamos, e por isso a poesia surge. Assim, olha para o que escreve como tentativas de conferir algum sentido e alguma beleza ao que vive, ao que a toca, ao que observa à sua volta. Fala da morte, da perda, do medo, do sofrimento, mas também da esperança e do sonho; do modo como coletivamente vamos construindo ou destruindo o mundo, tradições, valores e mitos, do modo como nos relacionamos com os outros, na beleza e na singularidade de um gesto, de um momento, de um sentimento, do amor.

No prólogo de Areia, Liyanis González Padrón, poeta e professora de literatura, faz notar o «trabalho poético verdadeiro», assinalando que se trata de um livro que é do tempo da autora e para todos os tempos.

 

Autora: Clara Andrade

Páginas: 64

Colecção: «On y va, Poesia»